É a palavra que mais define
todos pensamentos que tenho em relação a nós, que mais traduziu o que eu queria
poder gritar na sua cara, totalmente descontrolada. De todos adjetivos que a
nossa história poderia ter, covarde é o mais realista. Eu não esperava que
fosse a pessoa mais corajosa deste mundo, e que saísse gritando aos quatro
ventos que me amava, mas eu esperava pelo menos um “eu também”.
Durante semanas eu me questionei
se teria visto sentimento onde jamais havia existido, se amei tanto a nossa história,
que acabei amando pelos dois. Cheguei a pensar se teria ficado louca, e
inventado toda a história, todas as conversas, todas as suas reações. Onde
encaixo as palavras ditas, os olhares reveladores, as expressões perturbadoras?
Assim como você, fugi várias e várias vezes da cilada que era nós dois. Porem
eu fugia por saber exatamente onde você se encaixava no meu coração, e o quão
perigoso isso era.
Sabe, eu não entendo como alguém
sem um pingo de sentimento pode procurar tanto outra pessoa, pode se emocionar
tanto e enlouquecer tanto. Anos de conversa, irresistível contato, atração
mútua, quando não eu, você me procurava. Quando eu implorava para me deixar te
amar menos e seguir em frente, você permanecia. Quando te encarei, você fugiu.
Revivo nossa última conversa, mas
ainda não acredito em uma só palavra do que você me disse. Ter admitido o
motivo de ter voltado tantas e tantas vezes, mesmo com um “mas” de não poderei
mais ficar, teria sido menos doloroso do que todo o seu discurso preparado para
tentar me fazer sofrer menos. A negação foi o que me matou. Não te culpo por ir
embora, não culpo seu medo em pensar em nós dois, e nem mesmo por nunca pensar
em lutar. Mas te culpo por ter subestimado nossa história, por ter tentado
banalizar tudo. E principalmente, por ter sido tão covarde em nunca ter admitido
que um dia também me amou.